O coração é o órgão responsável por mandar sangue para cada uma das nossas células. Em pessoas adultas e saudáveis, ele bate de 60 a 100 vezes por minuto. Entretanto, algumas doenças que atingem o circuito elétrico cardíaco podem fazer o coração sair do ritmo normal sem motivo. São as chamadas arritmias. Uma das opções de tratamento são os medicamentos para arritmia, uma opção nem sempre adequada.
Nesse texto, você vai saber mais sobre o impacto dos medicamentos para arritmia na saúde e alternativas ao seu uso.
As arritmias são problemas graves de saúde, com características evolutivas. Em geral, as doenças começam a se manifestar através de palpitações e desconfortos no peito. No fim, se não forem tratadas de forma eficaz, podem levar ao aparecimentos de outras doenças, como insuficiência cardíaca, e, inclusive, a morte súbita.
Os medicamentos para arritmia
Tomar um remédio pode parecer uma alternativa simples para tratar as arritmias, mas apresenta dois grandes problemas. O primeiro é que os remédios não curam a disfunção. Eles apenas controlam a doença e precisam ser tomados a vida toda. Uma vez sem os medicamentos, a arritmia voltar a aparecer.
O outro ponto que deve ser lembrado por médicos e pacientes envolve os efeitos colaterais associados à dose e ao período de exposição às drogas. Quanto mais tempo os pacientes ingerirem esse tipo de remédio, mais riscos eles correm de desenvolver problemas em outras partes do corpo. Estudos revelam, inclusive, que alguns medicamentos para arritmia podem acabar provocando outras arritmias, em geral, ainda mais graves.
A Amiodarona, medicamento usado no controle das arritmias ventriculares em pacientes com doença cardíaca e na fibrilação atrial, por exemplo, pode causar dano à tireoide e aos pulmões. A Propafenona, outra droga antiarrítmica, pode transformar uma Fibrilação Atrial em um Flutter de alta frequência cardíaca e não pode ser indicada para pacientes com outras doenças cardíacas, por conta do risco aumentado de morte súbita. Pessoas que tiveram infartos só podem tomar Propafenona se utilizarem Desfibriladores Implantáveis (CDI).
Entendendo os riscos
A atividade elétrica do coração muda a cada instante, dependendo da necessidade do nosso organismo. Esse processo é regulado, entre outros motivos, pela entrada de elementos nas células cardíacas. Os principais são os eletrólitos (sódio, potássio e o cálcio), e outras substâncias como, por exemplo, a Adrenalina.
A entrada e a saída dos eletrólitos e hormônios que criam e estimulam a eletricidade é feita através de receptores especiais, presentes em cada célula do nosso coração. Eles funcionam como pequenas portas, que devem estar perfeitamente reguladas. É nelas que os medicamentos para arritmia atuam, bloqueando alguns canais e estimulando outros.
Cada arritmia precisa de um tipo diferente de tratamento. Para algumas, é necessário bloquear os canais de cálcio. Para outras, os receptores de adrenalina precisam ser suprimidos. Entretanto, devemos lembrar que existem receptores iguais aos doentes em outros locais do coração e do corpo.
Por mais que a arritmia tenha alterado os receptores de uma área específica do coração, os medicamentos para arritmia não conseguem identificar isso. Para atingir a área doente, eles precisam agir em todo o organismo – o que pode provocar graves efeitos colaterais.
Alternativa aos medicamentos para arritmia: a ablação
A Ablação é um procedimento médico seguro e pontual. Diferente dos remédios, ela cura definitivamente a maior parte dos tipos de arritmia. A Ablação é realizada através das veias da virilha, sem cortes no peito, pela introdução de cateteres especiais. Os cateteres são tubos longos e finos, controlados de fora pelos médicos. Eles chegam até o coração e cauterizam, por radiofrequência, as células específicas que estão provocando a alteração do ritmo cardíaco. O procedimento de Ablação dura, em média, cerca de 2-3 horas.
O pós-operatório da Ablação é bastante simples. Um curativo é feito na virilha, no local por onde os cateteres foram introduzidos. Não há necessidade de pontos. O paciente deve ficar com a perna imobilizada por até 6 horas e evitar esforços excessivos por 24 horas. Em geral, a volta à rotina diária ocorre dentro de uma semana, dependendo da avaliação do médico. Com a Ablação, a grande maioria dos paciente não precisa mais tomar nenhum medicamento para arritmia durante a vida.
A diferenças são enormes
Como vimos, diferente da Ablação, que cauteriza as células específicas que provocam as arritmias, os remédios agem em todo o corpo – e só assim conseguem controlar o problema. Enquanto os medicamentos para arritmia bloqueiam um canal, o de sódio por exemplo, eles também podem atuar em outros canais simultaneamente, como o de potássio, e causar uma nova arritmia. Observamos que uma droga pode tratar eficientemente a arritmia de um receptor, mas interferir no funcionamento de outro, e provocar problemas ainda mais graves.
Os medicamentos costumam funcionar sem problemas em cerca 40% dos pacientes. São uma boa alternativa para pacientes com Cardiodesfibrilador Implantável, pois diminuem o número de vezes em que o aparelho precisa atuar. Entretanto, consideramos que a prescrição de Drogas Antiarrítmicas deve ser revista, especialmente para pacientes mais jovens e com arritmias não associadas a outras doenças de base. Expor estas pessoas à longos períodos de contaminação por medicamentos pode agravar problemas que poderiam ser curados de forma mais simples.
Atualmente, mais de 100 mil procedimentos de Ablação são realizados em todo mundo, com total segurança. Quanto antes os pacientes forem encaminhados para o procedimento, maiores as chances de cura definitiva. Converse com o seu cardiologista. Uma vida normal, sem remédios e sem efeitos colaterais, é possível.